
Como planejar o redesenho de um site – e os melhores erros a serem evitados
Trabalho com web design há mais de dez anos e já observei os processos envolvidos centenas de vezes. Infelizmente, muitos deles deram errado ou até mesmo muito errado, com toda a frustração e o estresse desnecessário que isso acarreta. Às vezes, isso se deve às qualidades criativas da agência, mas, na maioria dos casos, não é tão simples assim.
Demora muito tempo. Desnecessariamente.
O site típico de uma empresa de médio porte é muitas vezes um sistema relativamente simples. Especialmente quando consideramos a eficiência e o desempenho das modernas plataformas de CMS, além de vários benchmarks e esquemas de design aos quais podemos recorrer.
Ele geralmente consiste em um número limitado de áreas principais: catálogos de produtos ou serviços, “Sobre nós”, “Notícias”, “Carreiras” e áreas de contato. No entanto, o processo de implementação frequentemente leva um tempo surpreendente, o orçamento é ultrapassado, e os resultados muitas vezes não são satisfatórios – tanto para a equipe quanto para os tomadores de decisão. Por que isso acontece?
Quais são os erros no redesenho?
Muitas coisas podem dar errado, então vou citar apenas algumas que, pela minha experiência, são importantes e ocorrem com mais frequência. A maioria dos problemas pode ser facilmente evitada. Eles estão relacionados ao processo e a questões organizacionais – claro, um bom designer ainda é necessário.
1. Nenhuma estratégia
Por mais trivial que possa parecer, construir um site sem uma estratégia clara é como explorar uma floresta desconhecida sem mapa. Pode ser uma aventura interessante, mas é improvável que você atinja algum objetivo dessa forma. Por estratégia, refiro-me aos objetivos empresariais gerais, política de produtos, definição do público-alvo e o papel dos diferentes canais de marketing e vendas. É surpreendente quantas empresas, até mesmo grandes, não têm essas informações à mão quando o processo começa.
2. O gosto determina, e não o objetivo
Um site corporativo é, antes de tudo, uma ferramenta. Ele deve, é claro, ter uma boa aparência, mas, antes de mais nada, deve funcionar bem. Isso significa que as coisas mais importantes são a estrutura, o conteúdo e os mecanismos de vendas e outras interações com os clientes, como coleta de leads, troca com os clientes sobre consultas de produtos, gestão de reclamações ou recrutamento de talentos na página de carreiras.
No entanto, em muitos casos, a maior parte do tempo é dedicada a discutir as imagens da página inicial, o estilo dos pictogramas, as cores e outras coisas menos decisivas. Obviamente, esses pontos também têm influência, mas um bom designer sabe como lidar com isso. No entanto, discussões intermináveis sobre o visual e a sensação são um fator decisivo para retrocessos e frustrações de todos os lados.
3. O briefing errado
O briefing do projeto normalmente é recheado de informações e desenvolvido após uma longa série de reuniões internas e workshops. Infelizmente, a maioria dos briefings que recebi não foi particularmente útil. Eles continham a história da empresa, um caderno de encargos e uma ideia vaga sobre o visual (“design moderno”, etc.). Mas não listavam os resultados esperados com o relançamento, não explicavam o papel do site na comunicação corporativa ou uma visão clara do que o site deveria cobrir em termos de conteúdo.
4. A equipe do projeto é muito grande
Ainda não temos confirmação experimental, mas a experiência anedótica mostra que o tempo de projeto aumenta exponencialmente com o número de participantes. Muitas pessoas envolvidas geralmente dificultam para o gerente de projeto manter o controle, assumir responsabilidades, tomar decisões rápidas e aprovar etapas, já que muitos participantes discutem bastante e frequentemente mudam de opinião – tudo isso gera muitos pedidos de alteração. Isso também dificulta a organização de workshops, pois só encontrar um horário para todos já exige muito esforço de coordenação. Esse é um dos fatores mais críticos que atrasam todo o processo.
5. Os tomadores de decisão são envolvidos tarde demais e fora do contexto
Deus ex machina é um dos cenários mais comuns em um projeto de design de site. Após algumas semanas ou até meses de trabalho intenso e inúmeras decisões tomadas pela equipe do projeto, alguém da alta direção pede uma aprovação geral. Isso pode dar certo, mas frequentemente esse indivíduo muito ocupado solicita algumas mudanças, sem conhecer o contexto ou o processo que levou a certas decisões e as premissas que as fundamentaram.
Devido à sua posição, essas mudanças geralmente são aceitas, e, em alguns casos, os comentários realmente ajudam, mas muitas vezes podem comprometer a consistência do design.
6. Falta de confiança em designers e desenvolvedores
Quando se precisa de um cirurgião, ninguém explica a ele como proceder ou planejar o tratamento. Com uma equipe de design, porém, é bem diferente – de repente, todos querem fazer parte integrante da equipe. Em muitos casos, eles trazem bastante experiência e conhecimento, mas, na maioria das vezes, os designers têm uma vantagem em termos de experiência na sua área. O design como um processo de comitê raramente é uma boa ideia. Esse tipo de abordagem também retarda o tempo de projeto.
7. Processos em cascata
Outro fator que desacelera o processo é segmentá-lo em etapas como análise, arquitetura da informação, design funcional, design gráfico e implementação do front-end. As agências que trabalham dessa forma o fazem para garantir que não haja mais alterações uma vez que a programação comece.
No entanto, pode levar semanas para que o design funcional (também chamado de mockups ou protótipos) seja desenvolvido e aprovado. Durante esse tempo, todos os outros especialistas ficam ociosos, aguardando sua vez.
Partindo do pressuposto de que a agência tem total confiança e que não haverá grandes mudanças no conceito geral, o processo pode ser conduzido de maneira diferente. O projeto pode então ser desenvolvido e implementado em blocos, acelerando todo o processo.
8. Falta de conteúdo
Muitas empresas se preocupam pouco com o conteúdo real do site até que a página de teste funcional esteja pronta. Tarde demais. Os designers devem trabalhar com conteúdo real desde o início. Em nossa equipe, costumamos dizer: “Lorem ipsum está morto”, o que significa que não se pode desenvolver um bom produto com conteúdo fictício. O design deve considerar imagens, descrições e produtos reais, caso contrário, será apenas um design bonito, mas não o design do site da sua empresa.
Como projetar corretamente o site de uma empresa?
O que você deve considerar se quiser trabalhar de forma eficiente, manter seu orçamento e – o mais importante – garantir seu retorno sobre o investimento? Aqui vão algumas dicas.
- Escolha um bom designer ou uma agência competente. Não precisam ser os mais caros, mas os portfólios devem falar por si mesmos. Não solicite um conceito antecipadamente, nem que seja em um pitch, pois isso só atrai aqueles que estão desesperados. Avalie suas opções com base no trabalho que os designers já realizaram. Pergunte quem será o responsável pelo design.
- Estabeleça comparabilidade nos resultados. Verifique suas estatísticas atuais (se você ainda não tiver, providencie algumas) e pense em quais métricas representariam uma melhoria para você. Você quer vender com seu site ou apenas desenvolver uma imagem melhor? Está em busca de novos colaboradores? Formule todos os resultados esperados no briefing – essa é a parte mais importante.
- Ao escrever seu briefing, concentre-se nos aspectos mais importantes. Cite de 3 a 5 sites que você mais gosta e explique o porquê. Indique quais elementos essenciais você pode fornecer, como documentação de CI/CD, banco de imagens, catálogo de produtos, etc. Faça uma lista de todas as áreas de conteúdo que devem ser incluídas. Prepare uma lista de seus públicos-alvo ou, melhor ainda, personas com suas histórias. Defina um prazo razoável.
- Reúna todos os conteúdos disponíveis antes de iniciar o projeto. Material bruto é suficiente no começo, mas a agência também precisará de material para que os redatores possam trabalhar. Procure as melhores imagens, organize uma sessão de fotos ou informe à agência que ela deve usar material de banco de imagens. Não faça suposições sobre a tecnologia utilizada, resoluções ou o CMS – se você trabalhar com as pessoas certas, elas saberão o que fazer.
- Tomar decisões rápidas e testar os resultados em operação ao vivo. Não atrase o processo. Não fique nervoso. Lembre-se, tudo se resume a resultados. Esses resultados devem ser testados. Se um resultado não ocorrer como esperado, faça ajustes agora – e não apenas em dois anos.
- Repita o último passo até que os resultados correspondam às métricas planejadas.
Se você trabalhar com as pessoas certas, seu site deve começar a funcionar dentro de algumas semanas. No máximo, se algo der errado, em alguns meses. Para uma empresa de médio porte, esse processo não deve levar mais de seis meses até que uma primeira versão esteja ao vivo e funcionando.